Wednesday, July 30, 2008

Music Festival


No fim de semana passado fomos a um festival de música tradicional, numa aldeia próxima. Começou com um pequeno concerto na igreja, com o Paulo Preto, dos Galandum Galundaina, e Emiliano Toste, um músico açoreano com uma voz lindíssima. A maior parte das pessoas da aldeia estava lá, incluindo bebés, avós e bisavós. E todos cantaram e todos entraram na discussão acerca do significado de uma palavra que aparecia numa velha canção (no final chegou-se à conclusão que era uma alfaia antiga, que alguns dos mais velhos ainda tinham usado). Depois do concerto na igreja, a festa continuou lá fora, com diferentes grupos de gaiteiros de aldeias vizinhas, portuguesas e espanholas (a gaita-de-foles é um instrumento tradicional nesta região). Foi a primeira vez que fui a um festival de música organizado localmente, para as pessoas locais. Havia visitantes de fora (como nós), e até um casal de turistas, mas tudo aquilo era verdadeiramente genuíno, o que se vem tornando raro. Como já se percebeu, gostei muito e fiquei cheia de vontade de lá voltar, daqui um ano.
O desenho foi feito na igreja, no final do concerto, quando uma das aldeãs mais velhas foi convidada a cantar algumas cantigas.

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Last weekend we went to the most wonderful traditional music festival in a nearby village. It started with a small concert in the village's church by Paulo Preto from Galandum Galundaina and Emiliano Toste, a musician from the Azores who has the most beautiful voice. Most of the villagers were there, babies, grandparents and grand-grandparents included. And they all sang and they all joined the discussion on the meaning of a particular word in an old song (it turned out to be an ancient agricultural instrument some of the older had still used). After the concert in the church, the party went on outside, with different bagpipes' groups (bagpipes are a regional tradition) from neighbour villages both in Portugal and Spain playing their music. It was the first time I went to a music festival organised by the local people for the local people. There were visitors, of course (like us), even a couple of tourists, but the whole thing was truly genuine, something that is becoming quite rare. Needless to say, I loved it and I want to go back next year.
The sketch was done at the end of the church concert, when one of the older villagers was invited to sing a few songs.

Thursday, July 24, 2008

Scraper board III


Mais algumas ilustrações em curso feitas em scraper board pelos meus alunos. Se quiserem ver os trabalhos terminados, só têm que reservar um dia no início do Outono para vir até Bragança. Nessa altura, o Espaço História & Arte albergará uma exposição dos trabalhos realizados ao longo do curso e posso garantir que a visita valerá a pena.

A few more scraper board illustrations in progress from students. If you'd like to see the finished pieces, all you have to do is schedule a day to visit Bragança by the beginning of Fall. The História & Arte gallery will be hosting an exhibition of the works finished throughout the class and I can assure you it will be worth a visit.

Saturday, July 19, 2008

Time to see

Ontem fui com as miúdas à cidade, visitar o recém-inaugurado Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. Ainda estávamos a estacionar o carro e já passava diante dos nossos olhos uma imagem que se tornou comum durante as férias escolares: filas de crianças, guiadas por monitores, munidos de sonoros apitos (que soam igualzinho aos da polícia), a caminho de mais uma actividade de ocupação dos tempos livres.
 
Chegadas ao Centro (cuja entrada – que bom! - é gratuita até ao final do ano), fomos prevenidas por uma funcionária, para termos cuidado nas escadas, pois andavam vários grupos dos tempos livres a visitar as exposições. Achei a recomendação estranha, mas rapidamente percebi a razão... As crianças corriam, literalmente, de sala em sala, encarregadas de descobrir determinados pormenores nos quadros (um título, uma técnica, etc.), como parte de jogos organizados. Que giro, pensei, é uma maneira engraçada de lhes chamar a atenção para as obras que depois, podem observar com mais calma e outros olhos. Só que o depois não veio. Os grupos sucediam-se uns aos outros a uma velocidade vertiginosa e não havia tempo para mais nada. A certa altura cruzei-me com uma monitora que comentava com outra, visivelmente enervada: “Temos que nos despachar, senão não conseguimos acabar, estão aí a chegar os outros quarenta!”. Enquanto nós víamos uma sala, passavam por nós dois ou mais grupos a correr. Que pena, pensei eu, que não tenham tempo para reparar no pormenor das folhas e das sementes coladas naquela tela que encantou a M. e a deixou a pensar em fazer “uns quadros das minhas histórias do Viki com umas colagens como estas”, ou para correrem na sala ampla, como a C., onde uma instalação nos permite deixar os nossos passos marcados no granulado espalhado pelo chão...
O desenho rápido lá de cima foi feito no final da visita, na esplanada do café do centro, situada num pequeno mas agradável jardim. As miúdas correram na relva, brincaram com a água da fonte, de onde “salvaram” um bicho-de-conta, beberam um sumo e também fizeram desenhos. Passámos aqui uns 20 minutos, se tanto. Neste espaço de tempo, vimos chegar e partir três grupos de miúdos. Entravam em fila, sentavam-se nas cadeiras da esplanada com ar afogueado e ao fim de poucos minutos, sem terem tido tempo para beber uma água que fosse, já estavam outra vez a formar filas em direcção à saída, sob o olhar atento dos não menos afogueados monitores.
Bem sei que para muitos miúdos, estas actividades são, provavelmente, a única oportunidade que terão de visitar um espaço como este. Mas há duas coisas importantes que estão em falta no meio de tudo isto: tempo e espaço. Para pararem e verem, em vez de correrem e olharem, para usufruírem do sítio onde estão ou, simplesmente, para não fazerem nada, se for isso que lhes apetecer. Como disse o jornalista João Pereira Coutinho, hoje “a criança nasce, não numa família mas numa pista de atletismo, com as barreiras da praxe: jardim-escola aos três, natação aos quatro, lições de piano aos cinco, escola aos seis. E um exército de professores explicadores, educadores e psicólogos, como se a criança fosse um potro de competição.” Esqueceu-se que a corrida começa normalmente mais cedo, aos quatro meses, quando o bebé vai para a ama. E que, aparentemente, não tem fim, pois nem nas férias os deixam descansar...

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Yesterday I took the kids to town, to visit the brand new Graça Morais Contemporaneous Art Centre. We were still parking our car and we already had before our eyes what has become a typical school holiday scene: lines of children guided by instructors, armed with whistles (that sound just like those of the traffic police), heading for one more holiday activity.
When we arrived at the Centre (free entrance until the end of the year – cool!), we were warned by the workers “Be careful in the stairs, there are several holiday activity groups visiting the exhibitions”. I found the recommendation weird, but soon understood the reason for it... The children ran – literally! - from room to room searching for specific details in the paintings (a title, a technique, etc.), as part of some organised game/contest. How nice, I thought, it's a clever way to call their attention to the pieces which they can later look at more quietly and with a different perspective. The thing is, that later moment did not happen. The groups of children followed each other at an astonishing speed and there wasn't time for anything else. At a certain point, I overheard an exchange of words between two visibly stressed instructors: “We have to hurry, otherwise we won't be able to finish! The other 40 will arrive at any minute!”. While the girls and I visited one room, two or three groups went past us running. What a pity, I thought to myself, that they won't have time to notice the detail of the leaves and seed glued to that canvas that M. liked so much and left her wanting to “make paintings out of my stories with collage like that” or run like C. across the large room, where an art installation allows us to leave our tracks along a floor covered with some coloured granulate thing...
I did the sketch above in the coffee-shop of the Centre, which opens to a small but nice-tended garden. The girls ran in the grass, played with the fountain water, from where they saved a bug from drowning, they drank juice and water and they also made their own drawings. We spent around twenty minutes here, at the most. During this lapse of time, we watched three groups of children come and go. They arrived in a line, sat at the tables panting for a few minutes, after which they started lining again, no time for a drink, headed to the exit under their (also panting) instructors' supervision.
I know that for many kids, this sort of organised activity is probably their only chance to visit a place like this. But two important things are missing in all of it: time and space. To stop and see, instead of run and look, to enjoy the place and the moment, or even to do nothing if that's what they feel like doing. As the journalist João Pereira Coutinho rightly pointed out, today “the child is not born into a family, but into a racing lane, with the usual obstacles: kindergarten at three, swimming lessons at four, piano at five, school at six. And an army of teachers, tutors, educators and psychologists, as if the child was a racing colt.” He only forgot that the race usually starts as early as at four months, when a nanny takes charge of the baby. And that apparently it never stops, for they're not given a rest, nor even during the holidays...

Wednesday, July 16, 2008

More scraper board



Mais algumas ilustrações em curso dos meus alunos, feitas em scraper board. Espero que gostem!

A few more scraper board illustrations in progress from my students. Enjoy!

Saturday, July 12, 2008

Proud













Finalmente, publico aqui alguns dos trabalhos dos meus alunos, como prometido. Infelizmente, não tenho imagens de nenhuma ilustração terminada, apenas trabalhos em curso - o que, de certa maneira, acaba por ser mais interessante, pois permite ver como a coisa evolui. Hoje, três gatos (na técnica de scratch board), outros se seguirão nos próximos dias. Estou tão orgulhosa!

I'm finally posting some of my students' work, as promised. Unfortunately I have no pictures of the finished illustrations, just of work in progress - which, in a way, ends up being more interesting, for you can have a taste of how the thing evolves. Three cats today (scratch board technique), more subjects will follow in the next days. I'm so proud!

Thursday, July 10, 2008

Desenhar com crianças / Sketching with children



Apesar de não andar a desenhar tanto como gostaria, consegui terminar outro caderno. Aqui ficam as duas últimas páginas. Agora estou a braços com a agradável tarefa de decidir qual o caderno que irei começar a seguir... Em baixo, uma imagem de duas páginas do primeiro caderno da minha filha mais velha. Ela ainda não está "viciada", mas de vez em quando lá preenche umas páginas, e é muito engraçado observá-la enquanto o faz.

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Although I haven't been sketching as often as I'd like to, I managed to finish another sketchbook. Here are the last two pages. Now I'm in the middle of the very agreeable task of deciding which one to start next... Below are two pages from the first sketchbook of my older daughter. She's not addicted yet, but she sketches once in a while, and it's fun to watch her do it.

Tuesday, July 8, 2008

Working Hard

Já lá vão uns dias, afinal parece que o tempo livre não foi tanto como eu pensava que ia ser, uma vez começado o curso de ilustração... Em breve, irei aqui mostrar alguns trabalhos dos meus alunos. Entretanto, aqui fica mais um apontamento conseguido durante uma das aulas.

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It's been a while, in the end, I didn't have so much spare time as I was wishing for after the beginning of my illustration class... I'll soon be posting some of my student's work. Meanwhile, here is another sketch I managed during one of the classes.