Tuesday, July 21, 2009

Outdoor Hour Challenge: Crop Plants #2 Beans / Seed Germination


O tema desta semana do desafio semanal da Barbara, do blog Handbook of Nature Study sob o tema "plantas cultivadas" é o feijão / germinação de sementes.
Todas as Primaveras semeamos feijões na nossa horta (imagem em cima), e começámos já a colher os primeiros feijões verdes, que comemos em saladas (cozidos, e depois de arrefecidos, regados com azeite e alho picadinho), em sopa, ou - os meus preferidos - como peixinhos-da-horta: cozidos, passados por uma mistura de ovo, farinha e água e fritos em óleo (já agora, se tiverem outras receitas e não se importarem de partilhar, agradeço).

Todos os anos também, eu e as miúdas escolhemos algumas variedades de feijão, e colocamo-los em frascos com algodão embebido em água, para os vermos germinar. Este ano, a M. fê-lo sozinha há já vários dias atrás e quando surgiu o desafio, tinhamos acabado de transferir os feijoeiros, que entretanto ficaram enormes, para o jardim. De qualquer maneira, ela e a C. ficaram encantadas com a ideia de voltar a fazer tudo de novo. Desta vez, procurámos todas as variedades que tínhamos em casa (algumas compradas, outras guardadas da colheita do ano passado, e outras oferecidas). Descobrimos que tínhamos 12 variedades diferentes (!!) incluindo vários tipos de Phaseolus vulgaris (vermelhos, brancos, pretos, catarino...) e também feijões de soja (Glycine max), e três espécies diferentes de feijões pequenos, pertencentes a um género distinto (Vigna): feijão Azuki (Vigna angularis), Feijão-frade (Vigna unguiculata) e feijão-da-China (Vigna radiata). Até aqui, apenas tínhamos germinado Phaseolus, por isso desta vez escolhemos apenas duas variedades destes, e depois usámos os outros quatro. Vamos ver o que acontece, como estes quatro foram todos comprados para comer, e não para semear, não tenho a certeza se teremos grande sucesso. A ver vamos!
Left to right, top to bottom: Mung beans, white beans, Soy beans, black beans, Black-Eyed Cowpeas and Azuki beans

This week's Outdoor Hour Challenge from Barbara's Handbook of Nature Study blog under the theme "crop plants" is the bean / seed germination.
Every spring, we sow some varieties of beans in our vegetable garden (image above). We have just begun to harvest the first fresh green ones, which we have been eating in salads (boiled with salt, cooled and seasoned with olive oil and finely chopped garlic), soups or - my favourite - a recipe I don't know what to call in English, the direct translation would be something like "fish from the vegetable garden" which are basically green bean fritters : boiled with salt until crisp-tender and then dipped into a flour/egg/water mixture and fried in hot oil until golden brown (and since we're here, if you have any favourite recipes that you don't mind sharing, I'd like to hear about them).
M. drawing the beans in her notebook

Every year too, the girls and I choose some bean varities and dip them into cotton balls soaked with water to watch them germinate. This year, M. already did it several days ago and when the challenge was published, we had just transfered her already enourmous plants to the garden. But she and C. were delighted to do it again. This time, we looked for all the varieties we had at home (some purchased, some saved from last year's crop, others offered by friends). We found out we had 12 different varieties (!!) including several types of Phaseolus vulgaris (white, black, mottled, red...) and also soy beans (Glycine max), and three different species of small beans from another genera (Vigna): Azuki beans (Vigna angularis), Black-Eyed Cowpeas (Vigna unguiculata) and Mung beans (Vigna radiata). So far, we have only germinated Phaseolus beans, so this time we picked just 2 varieties of these, and then we soaked all the other four. Let's seewhat happens, all four were bought for cooking, not for sowing, so I'm not so sure we'll be successful. We'll see!

Thursday, July 16, 2009

Outdoor Hour Challenge: Crop Plants #1-Clover

Já há algum tempo que visito regularmente o blog Handbook of Nature Study mas até agora ainda não tinha participado em nenhum dos desafios semanais da Barbara. Pois não é tarde nem é cedo. Ela está a dar início a uma nova série de desafios sob o tema "plantas de cultivo" e a planta desta semana é o trevo. Não podia ter vindo mais a propósito, pois temos andado precisamente a falar sobre esta planta cá em casa, a propósito de um post publicado no Das Plantas e das Pessoas, um blog que aconselho a todos os que se interessam pela botânica.

Depois de ler as páginas dedicadas ao trevo no The Handbook of Nature Study, que pode ser descarregado aqui e do qual já falei num post anterior, aproveitámos um momento passado no jardim, onde temos bastante trevo, para fazer algumas observações ao vivo. Em Portugal existem várias dezenas de espécies do género Trifolium, mas a que possuímos em maior abundância no jardim é o Trevo-branco, ou Trifolim repens. Em tempos também tivémos o lindíssimo Trevo-morango (Trifolium fragiferum), mas tem vindo a desaparecer e nesta altura não encontrámos nenhum em flor. Fotografámos as flores brancas do primeiro, que vimos serem visitadas pelas abelhas, embora não as tenhamos apanhado na imagem, assim como outras já com aspecto mais seco e flores inflectidas em direcção ao solo, o que significa terem já sido polinizadas. Com efeito, desfizémos algumas destas flores e as sementes lá estavam, as mais verdes ainda amareladas, outras mais secas de cor acastanhada.
Depois, desenraizámos uma planta e descobrimos um minúsculo nódulo na sua raiz. "Cada nódulo é um ninho repleto de seres vivos, tão pequenos que seriam necessários 25.000 deles colocados lado a lado para perfazer uma polegada; desta forma, mesmo um nódulo minúsculo pode conter muitos destes pequeníssimos organismos, que se chamam bactérias." "As raízes do trevo proporcionam às bactérias abrigos e um local para crescerem, e em troca, estas são capazes de extrair um fertilizante químico muito valioso do ar, e modificar a sua forma de maneira a que os trevos consigam absorvê-la. O nome desta substância é azoto (...)" "Depois de o trevo ser colhido, as raízes permanecem no solo, os seus pequenos armazéns repletos desta preciosa substância de que o solo se torna herdeiro." (excerto de A Handbook of Nature Study)

As crianças ficaram maravilhadas quando lhes contei (em menos palavras) esta história e depois observámos outra planta que cresce no jardim juntamente com o trevo e que lhe é aparentada, a alfafa (Medicago sativa). Mais abaixo fica uma fotografia das suas bonitas flores de cor púrpura, e alguns dos desenhos que fizémos nos nossos cadernos de campo. E para terminar, uma poesia de Emily Dickinson (1830–86), que fala de trevos e de abelhas.

Para fazer uma campina

Basta um só trevo e uma abelha.

Trevo, abelha e fantasia.

Ou apenas fantasia

Faltando a abelha


Alfalfa, a clover relative

I've been following Barbara's Handbook of Nature Study blog for quite a while now, but so far I've never participated in any of her weekly challenges. So this is it. She's starting a new series of Outdoor Hour Challenges under the theme "crop plants" and this week's focus is on clover. It couldn't have been more appropriate, for we've been precisely discussing this plant during the past week, after reading a post about it on Das Plantas e das Pessoas, a blog I recommend to everyone who likes plants (it's in Portuguese only).
M. looking at clover root nodules with a magnifying lens

After reading the pages dedicated to the clover on The Handbook of Nature Study, which can be downloaded here and about which I've posted before, we looked more carefully at the real plant during an afternoon spent in the garden, where we have plenty of them. In our country there are several tens of Trifolium species, but the one we have in our garden is the White clover (Trifolium repens). We used to have the beautiful Strawberry clover (Trifolium fragiferum) as well, but it has become scarcer and scarcer over the years and at this time we couldn't find any of it in bloom. So we took pictures of the White clover, we saw it's white flowers being visited by several bees (though we couldn't catch them with the camera) and we also saw many dry brown flowers turned towards the ground instead of upwards, a sign that polination has already occurred. We opened some of them and there they were, the tiny seed, some yellow, some brown. Then we dug up a plant and we saw a tiny nodule on its root. "Each nodule is a nestful of livingbeings, so small that it would take twenty-five thousand of them end to end to reach an inch; therefore, even a little swelling can hold many of these minute organisms, which are called bacteria." "The clover roots give the bacteria homes and place to grow, and in return these are able to extract a very valuable chemical fertilizer from the air, and to change its form so that clovers can absorb it. The name of this substance is nitrogen (...)" "After the clover crop is harvested, the roots remain in the ground, their little storehouses filled with this precious substance, and the soil falls heir to it." (from A Handbook of Nature Study)

The girls were amazed when I told them this story (in fewer words...) and then we looked at another plant that we have growing together with the clovers, a relative actually, which is also mentioned in the Handbook of Nature Study: the alfalfa (Medicago sativa). Above there's a picture of its beautiful purple flowers.
And below, some of the drawings M. and I made in our notebooks.
My notebook drwings. I'm not sure whether the leaves on the left belong to another species, ot to T. repens as well (maybe the ecotype adapted to more humid soils mentioned at Das Plantas e das Pessoas)

Drawings by M. (7 yo)

And what a better way to finish, than with a beautiful poem by Emily Dickinson (1830–86), which precisely talks about clovers and bees?

To make a prairie it takes a clover and one bee,

One clover, and a bee,

And revery.

The revery alone will do

If bees are few.

Wednesday, July 1, 2009

Golden-striped Salamander

Há algum tempo atrás, eu, o L. e dois amigos nossos estávamos a conversar sobre o facto de ainda haver um longo caminho a percorrer até que o nosso país desenvolva uma opinião pública forte relativamente às questões da conservação da natureza. Concordámos que algum progresso tem sido feito durante os anos mais recentes mas que na maior parte dos casos, o conhecimento geral sobre estes assuntos é muito superficial e facilmente manipulado pela comunicação social (cujo conhecimento parece ser ainda mais superficial, a maioria das vezes...) E em alguns casos, boas pessoas, cheias das melhores intenções, acabam por fazer ainda pior do que se não tivessem feito nada. Basicamente, não se pode gostar e ajudar aquilo que não se conhece e em Portugal, a maior parte das pessoas não conhece aquilo que tem. Rimo-nos (mas não de alegria...) quando um dos nossos amigos nos contou uma apresentação "PowerPoint" que fez na escola primária da sua filha acerca da vida selvagem em Portugal. Mostrou imagens lindíssimas de algumas das nossas plantas e animais e descreveu-nos o olhar maravilhado das crianças - e das professoras. "Temos mesmo estas espécies no nosso país?", perguntou uma delas, incrédula. Não deixa de ser estranho como todos conhecem e ensinam acerca do elefante africano, das zebras, etc., mas tão poucos ouviram falar do lobo ibérico, do corço, da águia-real, dos abutres ou mesmo da aparentemente mais modesta salamandra-lusitânica. Apenas aparentemente, atenção. É que a Chioglossa lusitanica, nome científico pelo qual se designa, é uma espécie ameaçada, endémica do noroeste da Península Ibérica (o que significa que, em todo o mundo, este é o único local onde habita). A que vêem lá em cima, pintei-a com acrílicos sobre papel de aguarela. Espero que vos inspire a descobrir um pouco mais sobre a nossa fauna e flora!
* * *
A few days ago my husband and I plus two friends were discussing the fact that there's still a long way to go before our country develops a strong public opinion regarding nature conservation issues. We agreed that some progress has been made in the last years, but mostly, people's knowlege is too superficial and easily led by the media (whose knowledge seems to be even more superficial, most times...). And in some cases, good people full of good intentions, end up doing even worse than if they had stayed put. The basic idea is that you can't love and defend what you don't know and in Portugal, most people don't really know what they have. We laughed (not of joy, though...) when one of our friends told us about a talk he gave at his daughter's primary school about Portugal's wildlife. He made a PowerPoint presentation with great photographs of some of our native plant and animal species and told us how amazed the children - and the teachers were. "Do we really have these species in our country?", one of them asked in awe. It's weird how they all know and teach about the African elephants, zebras and the like, but only a few have heard of the Iberian wolf, the Roe deer, the Golden Eagle, the Griffon Vultures or even the apparently more modest Golden-stripped salamander. But only apparently. The golden-striped salamander (Chioglossa lusitanica) is a threatened endemic species inhabiting stream-side habitats in mountainous areas in the northwestern Iberian Peninsula, meaning that this is the only place in the world where it can be found. I painted the one up there with acrylic paints on watercolour paper. I hope it inspires you to find out a bit more about our native fauna and flora!